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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Se te faz mal, deixe ir



O amor. Ah, o amor... que sentimento nobre, glorioso, lindo, instigante, tranquilo, aconchegante. Pelo menos, é isso que ele deveria ser. Mas os filmes hollywoodianos, as novelas mexicanas – e as brasileiras também – e até os desenhos infantis da Disney nos fazem acreditar que amor arrebatador é aquele que faz a gente sofrer, passar por mil reviravoltas e se submeter a situações dificílimas até finalmente, o tão esperado final feliz chegar. Ah, e geralmente, depois do final feliz, a gente nem sabe como a história andou ou desandou.

Na vida real não é bem assim que funciona. Nem sempre – aliás, arrisco dizer que nunca – o amor cheio de dificuldades é o certo pra gente. Amor tem que ter emoção, sim, mas ela tem que vir de aventuras, de descobertas, de sonhos sendo construídos, e não de tempestades e brigas e sentimentos que aparentemente dão uma emoção ao relacionamento, mas na verdade estão só destruindo-o cada vez mais.

Vão por mim, gente: opostos demais não se atraem, ciúmes não é prova de amor e o mais chocante de tudo: nem só de amor vive um relacionamento. Quando a gente tá com uma pessoa, a gente tem que visar crescer junto. Não precisa planejar o futuro inteiro com a pessoa, mas só de saber que vocês estão indo na mesma direção, ou em direções parecidas, já é um começo. Não adianta você querer crescer profissionalmente, viajar o mundo inteiro, conhecer pessoas novas, vivenciar experiências inéditas, e a pessoa com quem você está querer se estagnar no mesmo lugar pro resto da vida. Não que se estagnar seja ruim - às vezes é o ideal de felicidade da pessoa; mas não é o seu, e aí meu bem, pode ter certeza que uma hora vai dar merda.

Ciúmes em excesso é outra coisa abominável. Se tem uma coisa que destrói relacionamento, é o monstrinho da desconfiança. Mas a gente insiste em querer competir, em se diminuir, em achar que fulana dá em cima de seu namorado e que por isso eles se pegam toda sexta-feira quando ele diz que vai sair com os amigos. Sabe o que acontece? Só se percebe o quanto ciúmes é uma coisa doentia quando a gente é vitima dele. Quando o outro começa a querer controlar demais, ai você passa a perceber como é ruim.

Namoro, amizade, qualquer relação que seja: nada nem ninguém vive só de amor. Eu não acho certo manter uma relação sem que nem uma pontinha dele exista, afinal, é o combustível para a felicidade. Mas relacionamentos têm que ter um equilíbrio entre confiança, companheirismo, compreensão, respeito, admiração e mais uma porção de coisas. Se algum desses falha, cuidado; porque se ainda não pegou, o bicho vai pegar.

Quando não está mais agregando, quando está te fazendo sofrer, quando está te botando pra baixo, quando está te fazendo duvidar sobre sua própria capacidade de ser feliz, quando está te fazendo ser inseguro sobre si mesmo; tá tudo errado. E não tem amor que sustente isso. Então, se te faz mal, deixe ir. Deixe ir aquela pessoa, por mais lindas que sejam as suas memórias juntos; deixe ir aqueles momentos, por mais doloroso que seja; deixe ir os planos que você fez, porque nada na vida é concreto e você já deveria saber que um dia tudo podia mudar – leve essa lição pra sempre na sua vida. Deixe ir aquele apego, aquela negação de largar o osso, aquele medo de não conseguir ser feliz sozinho, aquele receio de que ele ou ela possa seguir em frente com outro.

Porque afinal, você tem que se lembrar que viveu uns bons anos da sua vida sem aquela pessoa. Por que não viveria novamente? A vida é muito curta pra perdermos tempo com o que nos faz mal, com o que não soma já faz tempo. Pode ter certeza que quando a gente abre mão de um peso morto na nossa vida, pode demorar um pouco, mas muitas portas se abrem, e a gente passa a ver todas as oportunidades que antes não estava enxergando por ter que dar atenção aos machucados do nosso coração.

Se libertar é, acima de tudo, aceitar o fim das coisas e se abrir para o mundo. Nada disso é possível se a gente fica remoendo sentimentos e insistindo em coisas negativas pra nossa vida. O que foi bom pode ficar na memória, e sempre vai te trazer sentimentos felizes; mas se já tem um tempo que te faz mal, deixe ir. Você vai libertar não só a você mesmo, mas a outra pessoa também, porque pode ter certeza que pra ela essa relação também não está boa.


Se te faz mal, deixe ir, e não olhe pra trás. É pra frente que se anda, é no presente que se vive e é pra sorrir que a gente ama.




Texto de Yara Bohana


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