O amor. Ah, o amor... que sentimento nobre, glorioso, lindo, instigante, tranquilo, aconchegante. Pelo menos, é isso que ele deveria ser. Mas os filmes hollywoodianos, as novelas mexicanas – e as brasileiras também – e até os desenhos infantis da Disney nos fazem acreditar que amor arrebatador é aquele que faz a gente sofrer, passar por mil reviravoltas e se submeter a situações dificílimas até finalmente, o tão esperado final feliz chegar. Ah, e geralmente, depois do final feliz, a gente nem sabe como a história andou ou desandou.
Na vida real
não é bem assim que funciona. Nem sempre – aliás, arrisco dizer que nunca – o
amor cheio de dificuldades é o certo pra gente. Amor tem que ter emoção, sim,
mas ela tem que vir de aventuras, de descobertas, de sonhos sendo construídos,
e não de tempestades e brigas e sentimentos que aparentemente dão uma emoção ao
relacionamento, mas na verdade estão só destruindo-o cada vez mais.
Vão por mim,
gente: opostos demais não se atraem, ciúmes não é prova de amor e o mais
chocante de tudo: nem só de amor vive um relacionamento. Quando a gente tá com
uma pessoa, a gente tem que visar crescer junto. Não precisa planejar o futuro
inteiro com a pessoa, mas só de saber que vocês estão indo na mesma direção, ou
em direções parecidas, já é um começo. Não adianta você querer crescer
profissionalmente, viajar o mundo inteiro, conhecer pessoas novas, vivenciar
experiências inéditas, e a pessoa com quem você está querer se estagnar no
mesmo lugar pro resto da vida. Não que se estagnar seja ruim - às vezes é o
ideal de felicidade da pessoa; mas não é o seu, e aí meu bem, pode ter certeza
que uma hora vai dar merda.
Ciúmes em
excesso é outra coisa abominável. Se tem uma coisa que destrói relacionamento,
é o monstrinho da desconfiança. Mas a gente insiste em querer competir, em se
diminuir, em achar que fulana dá em cima de seu namorado e que por isso eles se
pegam toda sexta-feira quando ele diz que vai sair com os amigos. Sabe o que acontece? Só se percebe o quanto ciúmes é uma coisa doentia quando a gente é vitima dele.
Quando o outro começa a querer controlar demais, ai você passa a perceber como
é ruim.
Namoro,
amizade, qualquer relação que seja: nada nem ninguém vive só de amor. Eu não
acho certo manter uma relação sem que nem uma pontinha dele exista, afinal, é o
combustível para a felicidade. Mas relacionamentos têm que ter um equilíbrio
entre confiança, companheirismo, compreensão, respeito, admiração e mais uma
porção de coisas. Se algum desses falha, cuidado; porque se ainda não pegou, o
bicho vai pegar.
Quando não está mais agregando, quando está te fazendo sofrer, quando está te botando pra baixo,
quando está te fazendo duvidar sobre sua própria capacidade de ser feliz, quando
está te fazendo ser inseguro sobre si mesmo; tá tudo errado. E não tem amor que
sustente isso. Então, se te faz mal, deixe ir. Deixe ir
aquela pessoa, por mais lindas que sejam as suas memórias juntos; deixe ir aqueles
momentos, por mais doloroso que seja; deixe ir os planos que você fez, porque
nada na vida é concreto e você já deveria saber que um dia tudo podia mudar – leve essa lição pra sempre na sua vida. Deixe ir aquele apego, aquela negação
de largar o osso, aquele medo de não conseguir ser feliz sozinho, aquele receio
de que ele ou ela possa seguir em frente com outro.
Porque
afinal, você tem que se lembrar que viveu uns bons anos da sua vida sem aquela
pessoa. Por que não viveria novamente? A vida é muito curta pra perdermos tempo
com o que nos faz mal, com o que não soma já faz tempo. Pode ter certeza que
quando a gente abre mão de um peso morto na nossa vida, pode demorar um pouco,
mas muitas portas se abrem, e a gente passa a ver todas as oportunidades que
antes não estava enxergando por ter que dar atenção aos machucados do nosso
coração.
Se libertar é, acima de tudo, aceitar o fim das coisas e se abrir para o mundo. Nada disso é
possível se a gente fica remoendo sentimentos e insistindo em coisas negativas
pra nossa vida. O que foi bom pode ficar na memória, e sempre vai te trazer
sentimentos felizes; mas se já tem um tempo que te faz mal, deixe ir. Você vai
libertar não só a você mesmo, mas a outra pessoa também, porque pode ter
certeza que pra ela essa relação também não está boa.
Se te faz
mal, deixe ir, e não olhe pra trás. É pra frente que se anda, é no presente que
se vive e é pra sorrir que a gente ama.
Texto de Yara Bohana
Texto de Yara Bohana
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