O amor não vem na hora que a gente quer. Ele não surge quando
estamos desesperados pra ter alguém do lado. Tampouco espera pra gente estar "pronto" pra ele. Não respeita sua decisão de ficar solteiro(a) por um tempo. O amor vem
de mansinho ou de um jeito arrebatador, mas de qualquer jeito, vem de onde você
menos esperava. Pode vir de uma amizade que durou anos e você nunca imaginaria que
fosse evoluir pra algo mais ou pode vir de um desconhecido que você beija numa
festa e por quem acaba se apaixonando na mesma noite.
O amor vai crescendo aos poucos. E acompanhar essa evolução
é tão assustadoramente delicioso quanto um frio na barriga ao pular de
paraquedas. A cada encontro, uma descoberta. A cada olhar, uma sensação. A cada
sorriso, um bem-estar. A cada abraço, um aconchego. A cada beijo, mais certeza. A
cada conversa, mais cumplicidade. A cada despedida, mais saudade. A cada telefonema, mais vontade.
O amor vai se desenrolando no presente, revive o passado com
gosto de quero mais toda vez que vai embora e planeja o futuro – por que não?
Tem gente que tem besteira, que vive com medo de se entregar, que faz
joguinhos, que não é completamente espontâneo. Mas quando o sentimento é de
verdade, ouso dizer que tudo isso é a maior estupidez, pois o outro não vai dar
passos pra trás por besteiras como essa.
O amor é sentido nas mais profundas entranhas da nossa alma.
O amor é uma conexão mental, espiritual e emocional. O amor faz a gente ficar
rindo pro teto do quarto que nem besta, faz a gente olhar pro outro como se
fosse a coisa mais preciosa do mundo, faz a gente querer dar carinho o tempo
inteiro, faz a gente querer beijar a todo momento, andando pela rua, correndo o
risco de tropeçar ou se bater em alguém – e aí a gente pede desculpa e sai
rindo, mandando a vergonha lá pra marte, porque afinal, pra quê ter vergonha
quando você tem a melhor companhia do mundo pra pagar mico com você?
O amor é suave como uma brisa de praia, envolvente como uma
onda do mar, causa arrepios como um açaí muito gelado tomado muito rápido, dá
frio na barriga como a descida de uma montanha russa, é confortável como se
aquecer em volta de uma fogueira num dia frio com pessoas queridas, é encantador
como um som de uma voz bonita no ouvido, é inesperado como um filme inacabado
numa tarde de domingo, é lindo como o sol se pondo do outro lado da cidade.
O amor é inocente, mas também é sem-vergonha. O amor é
besta, mas é também sagaz. O amor deixa a gente meio grogue, meio drogado, com os
olhos pequenos, o sorriso largo e o coração do tamanho do mundo. O amor faz a
gente ter sonhos tranquilos, faz a gente acordar dando bom dia pro sol, faz a
gente querer pegar um violão e cantar todo o dó-ré-mi-fá-sol-lá-si, faz a gente
escrever poesias e textos gigantes, faz a gente querer dançar coladinho - com ou sem música -, faz a gente esquecer do mundo lá fora, faz
a gente querer espalhar esse sentimento pra todas as pessoas ao nosso redor...
O amor levita, o amor transcende, o amor entende, o amor
agita. O amor transmite, o amor transforma, o amor tumultua, o amor acorda. O
amor desnorteia, o amor equilibra, o amor ilumina, o amor transborda. O amor
repara besteiras, o amor ignora detalhes, o amor flutua, o amor incendeia. O amor não tem rótulos, pode ser tudo e pode ser nada, pode ser o que a gente quiser. O
amor é lindo, é louco, é displicente, é divertido, é passageiro, é eterno, é
enquanto durar.
O amor de verdade liberta, e assim, faz a gente querer
ficar...
Texto de Yara Bohana